Após matar, militar da Aeronáutica disse para psicólogo que foi abandonado pela esposa em Campo Grande

Após matar, militar da Aeronáutica disse para psicólogo que foi abandonado pela esposa em Campo Grande
(Reprodução)

Após matar a esposa Natalin Nara Garcia Freitas, de 22 anos, com um mata-leão e mandar mensagens para as amigas da esposa questionando seu paradeiro, o militar da Aeronáutica, Tamerson de Souza, ainda tentou forjar conversas enviando mensagens para seu  psicólogo e dizendo que foi ‘abandonado’.

Prints das mensagens de  anexadas recentemente ao processo de Tamerson mostram a tentativa de dissimulação do militar em dizer que Natalin o havia abandonado, assim como, a filha. Ele manda mensagem para o psicólogo dizendo que está mal por que Nati (como ele a chama) saiu de casa.

Nisso o  pergunta há quanto tempo e ele diz que já teria uns três dias que Natalin havia deixado a residência do casal, e que estava preocupado já que a criança também havia sido deixada por ela. Tamerson ainda fala que no dia anterior teria conseguido falar com  Natalin, que havia dito que estava tudo bem.

O psicólogo nesse momento diz que vai ligar para Natalin para dizer a ela que precisa voltar. Mas, o militar com medo de que o médico descubra a farsa afirma que já falou com a esposa e que há algum tempo ela vinha falando em ir embora.

Ele ainda diz ao psicólogo que não reconhece mais Natalin, e que ela teria tirado de seu perfil no WhatsApp a sua foto, talvez para que ele não visse mais o que estaria fazendo. O médico ainda o questiona se Tamerson ligo para as amigas de Natalin, e ele responde “aquelas que sai de madrugada? minha esperança é que estivessem cientes”, fala em mensagem o militar.

Tamerson ainda tenta despistar na conversa dizendo que Natalin estava há muito tempo falando coisas estranhas e se envolvendo com coisas erradas.

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Mensagens trocadas pelo militar com psicólogo (Reprodução)

Depoimento de militar preso

Tamerson relatou que quando Natalin chegou à residência do casal, ela teria passado a xingá-lo, ofendê-lo e estapeá-lo, momento em que teria tentado segurá-la aplicando um mata-leão. Natalin caiu desacordada e Tamerson teria tentado acordá-la, mas acabou percebendo que a jovem estava morta.

O militar, então, a teria enrolado em um lençol e colocado o corpo dentro do porta-malas do carro. Ele esperou o dia clarear e levou a filha de 4 anos para a escola, com o corpo escondido no carro. Depois, foi até a rodovia e pegou uma estrada de chão, onde desceu, retirou o corpo e o arrastou até o matagal, onde o abandonou.

Em seguida, Tamerson foi para a Base Aérea e depois marcou um encontro com uma prostituta de um site de acompanhante. No entanto, segundo o militar, o encontro aconteceu para ele ‘somente desabafar’ sobre a crise no casamento, não revelando para a mulher que havia assassinado a esposa, e, segundo ele, não aconteceu relação sexual entre os dois.

Ainda em seu depoimento, Tamerson contou que após abandonar o corpo, teria simulado conversas com amigas de Natalin, que estavam preocupadas com seu sumiço. Em uma das conversas em que se passa pela jovem, diz: “Desculpa eu deixar vocês preocupados, mas eu precisava fazer isso. Preciso de um tempo para voltar a ser o que era”.

Após isso, Tamerson resetou o celular da esposa e o anunciou no Facebook pelo valor de R$ 3 mil. O militar ainda diz que ‘estava no seu limite’, que era constantemente humilhado pela esposa, e que cuidava sozinho da menina, que não era sua filha. O militar ainda revelou que o casal estava frequentando terapia de casal, e que há cinco meses não mantinham relação sexual.

Quando questionado sobre o nariz machucado e com sangue em Natalin, Tamerson disse que pode ter ocorrido na hora da queda da esposa no chão, após o mata-leão aplicado na jovem. Para a filha do casal, o militar contou que Natalin havia ficado doente e que tinha morrido no hospital

Após a identificação do corpo no Imol (Instituto de Medicina Legal), os policiais foram até a casa de Tamerson, o encontrando na companhia da filha. Ele passou a ficar nervoso se contradizendo e acabou confessando o crime. A menina quem teria dito aos policiais que o pai passou dias chorando depois da mãe ter morrido ‘no hospital’, e que ele havia guardado o celular de Natalin em cima do guarda-roupa. Ele acabou preso e encaminhado para Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).

Militar réu por feminicídio

No dia 7 de março, Tamerson se tornou réu pelo feminicídio de Natalin Nara. O crime aconteceu na madrugada do dia 4 de fevereiro, na residência do casal, na Rua Dorothea de Oliveira, no Residencial Oliveira.

Conforme a denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), Tamerson e Natalin conviviam maritalmente há quatro anos e tinham uma filha. Naquele dia, a vítima chegou em casa de madrugada e o casal teve uma discussão, quando Tamerson estrangulou a esposa com os braços, em um golpe de ‘mata-leão’.

Natalin foi morta por asfixia mecânica. A filha do casal esteve na residência todo o tempo durante o crime. Tamerson então enrolou o corpo da esposa em um lençol e colocou no porta-malas do carro. Na manhã seguinte, ele ainda levou a filha de apenas 4 anos para a escola, com o corpo da mãe no veículo.

Depois, dirigiu até a Rodovia BR-060, onde desovou o corpo da esposa em um matagal. Ele foi denunciado pelo feminicídio qualificado pelo motivo torpe, na presença de descendente e emprego de asfixia, além da ocultação de cadáver. A denúncia foi recebida pelo juiz Aluizio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri.

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