Brasil fica fora da cúpula do G7, de novo
Alemanha, que preside grupo em 2022, optou por convidar Senegal, África do Sul, Índia e Indonésia
França e Reino Unido, em cúpulas passadas, já tinham deixado Bolsonaro de fora
O governo da Alemanha anunciou nesta segunda-feira que vai convidar quatro países em desenvolvimento para a Cúpula do G7, que irá ocorrer em junho. Mas, assim como ocorreu em 2021 e em 2019, o Brasil foi esnobado. Se Jair Bolsonaro não for reeleito, ele terá passado os quatro anos de sua gestão sem ter sido convidado uma só vez ao evento das principais economias do mundo.
Para este ano, Berlim preside o G7 e optou por convidar ao evento os governos do Senegal, África do Sul, Índia e Indonésia. A lista dos convidados foi anunciada pelo porta-voz do governo Steffen Hebestreit.
Havia pressão contra a ideia de que o governo de Nova Déli fosse convidado, já que os indianos optaram por não condenar a Rússia por sua guerra contra a Ucrânia e terem, de fato, até mesmo aumentado suas importações de petróleo russo. Mas o convite acabou sendo confirmado.
Conhecido como o grupo das economias desenvolvidas, o G7 é formado por EUA, Itália, França, Japão, Canadá, Reino Unido e Alemanha. Mas tem já sido uma praxe dos líderes desses países ampliar a reunião para também ouvir as perspectivas de países em desenvolvimento.
O Brasil, que por anos foi um dos países mais presentes ao evento, passou a ser preterido. Em 2021, na cúpula que foi sediada pelo governo britânico, o G7 estendeu o convite para Índia, Coreia do Sul e Austrália.
Em 2019, na França, o presidente Emmanuel Macron também fez convites a parceiros e emergentes durante a cúpula do G7. Mas, uma vez mais, o Brasil ficou de fora. Paris optou por chamar Chile, Egito, África do Sul, Senegal, Índia e Ruanda.
Em 2020, Bolsonaro anunciou que Donald Trump o havia convidado para a cúpula, que seria organizada nos EUA. Mas a pandemia e a derrota eleitoral do republicano obrigaram a Casa Branca a reconsiderar o evento. Dentro do governo brasileiro, as esperanças eram elevadas de que Trump incluiria o Brasil em uma nova aliança para repensar o mundo, no período pós pandemia.
Em abril de 2020, numa reunião ministerial, o então chanceler Ernesto Araújo chegou a comentar que apostava numa redefinição do sistema internacional diante da covid-19 e indicava que haveria uma possibilidade real de que o Brasil fizesse parte de uma espécie de novo diretório mundial, ao lado dos EUA.
No G7, se a ausência da China ocorre por uma questão estratégica e geopolítica, a situação do Brasil é interpretada no meio diplomático como um sinal da perda de prestígio internacional do país e de resistência por parte dos países ricos em aceitar a presença de Bolsonaro na mesa de negociações.
A primeira real participação do Brasil nos eventos das economias desenvolvidas ocorreu em 2003, quando o então presidente Jacques Chirac convidou o país e outros emergentes para a cúpula em Evian e que, naquele momento, era conhecida como G8. O Brasil fez parte dos eventos de 2005, na Escócia.
Em 2006, Angela Merkel uma vez mais convidou o Brasil para a cúpula que ela organizava, algo que se repetiu no ano seguinte no Japão e em 2008 na Itália.
Fonte: conteudo ms